sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Poeta Oscar Niemeyer



Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907) é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado.


Obras do Artista:













 Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.






 Oscar Niemeyer

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

domingo, 25 de dezembro de 2011

O Poeta Gabriel o Pensador






Em 1992, foi um ano cheio de surpresas para o Brasil. O Prsidente era Collor de Mello, no Rio o Must era a Eco 92, mas na música a sensação era  sem dúvida Tô feliz (matei o presidente), censurada pelo Ministério da Justiça pouco antes da renúncia de Collor.  De lá pra cá Gabriel Pensador gravou sete álbuns e um DVD, somando mais de dois milhões de cópias vendidas no Brasil e abrindo as portas para o rap lusófono também em Portugal, Angola, Cabo Verde e outros países. O criador de Cachimbo da Paz, Até quando? e Palavras repetidas é também autor de dois livros: Diário Noturno (ed.Objetiva) e Um garoto chamado Rorbeto (ed.CosacNaify), que recebeu o prêmio Jabuti de melhor livro infantil de 2006.

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Um Poema Para Sandra e Pedro
Gabriel O Pensador

Preto.
Branco.
Branco.
Preto.
Preto no branco;
Branco no preto.
Beijo.
Abraço.
Abraço.
Beijo.
Beijo e abraço;
Abraço e beijo;
Beijo e abraço e beijo.
E o verde da esperança?
E o azul da cor do céu?
Ou o azul da cor do mar?
Porque o céu pode mudar.
Fica azul quando ta sol;
Fica cinza quando chove;
Ou fica branco, bem branquinho parecendo de algodão;
Também fica meio roxo ou laranja ou lilás;
Quando o sol ta indo embora e ta querendo ficar mais;
Quando o sol ta indo embora e ta querendo ficar mais avermelhado parecendo um coração.
É o sol que pediu pra pousar lá na varanda;
Só pra poder iluminar o Pedro e a Sandra;
É o sol que derrete a neve fria do rochedo;
Só pra esquentar um pouco mais a Sandra e o Pedro.
É preto...
O peito do pé do Pedro é preto.
E é branca...
A palma da mão da Sandra é branca.
A Sandra é branca!
O Pedro é negro!
E o Pedro e a Sandra ficam sempre de chamego...
Preto.
Branco.
Branco.
Preto.
Preto no branco;
Branco no preto.
Beijo.
Abraço.
Abraço.
Beijo.
Beijo e abraço;
Abraço e beijo;
Beijo e abraço e beijo.





12 Vezes Por Ano
Gabriel O Pensador

[Refrão]
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez

12 meses por ano
30 vezes por mês
Mulher, eu faço contigo
O que ninguém nunca fez
O seu talvez é um sim
Pra mim o não é talvez
O sim é sim outra vez
Pois é tudo da lei
Eu faço o que tu queres
E tu fazes o que eu quero
Pois sei bem que tu queres
E tu sabes que eu sei
Não te arrependerás
Não me arrependerei
Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três!
Eu faço, tu fazes
Nós fazemo, nós faz
Tudo certo, tudo errado
Daqui a pouco tem mais
No sapato, sem vacilo, 100% sagaz
Não me arrependerei, não te arrependerás

12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez

"Eles não sabem chegar, eles não sabem chegar"
Não é assim não! Não é assim não!
"Eles não sabem chegar, eles não sabem chegar"
Não é assim não! Deixa o paapi ensinar
Neguinho não sabe atacar
Vai parar na lona
Pensa que impressiona
Chega nas mulhé feito o louco
Que chegou no Vanderlei na maratona
Só decepciona
Se atrapalha, toma bola
Enche a cara, paga mico,
E a mulherada já detona:
"Quer sair comigo, deixa que eu nem te ligo
Nem você me telefona;
Quer esquentar o umbigo
Só se for na zona, péla-saco!"

12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez

Se você for fora da lei me seqüestra
Se for polícia me prende
Se você for veterinária me atende
Bicho solto da goiaba
Bode solto, prende a cabra
O jogo só termina quando acaba
O jogo só acaba quando termina
A noite é uma criança
E tá chegando mais menina
Eu ando prevenido
Contra o que não tem vacina
Tá desanimada? Então deixa comigo
Que eu tô no clima
"Eles não sabem chegar, eles não sabem chegar..."
Quem disse que o Rap não pode ter poesia?
Quem disse que o jovem tem a cabeça vazia?
Que vazia o cacete! Não vem puxar o tapete
Já preparei um foguete pra encarar a frente fria
A meteorologia tá certa
O tempo tá fechando mas a mente tá aberta
A mulher sempre vai ser mais esperta
Mas é tudo da lei da demanda e oferta.

http://www.traveliaviagens.com.br/178.html

Palavras Repetidas
Gabriel O Pensador

A Terra tá soterrada de violência
De guerra, de sofrimento, de desespero
A gente tá vendo tudo, tá vendo a gente
Tá vendo, no nosso espelho, na nossa frente
Tá vendo, na nossa frente, aberração
Tá vendo, tá sendo visto, querendo ou não
Tá vendo, no fim do túnel, escuridão
Tá vendo no fim do túnel escuridão
Tá vendo a nossa morte anunciada
Tá vendo a nossa vida valendo nada
Tô vendo, chovendo sangue no meu jardim
Tá lindo o sol caindo, que nem granada
Tá vindo um carro-bomba na contramão
Tá vindo um carro-bomba na contramão
Tá vindo um carro-bomba na contramão
Tá vindo o suicida na direção

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, a verdade não há"

A bomba tá explodindo na nossa mão
O medo tá estampado na nossa cara
O erro tá confirmado, tá tudo errado
O jogo dos sete erros, que nunca pára
7, 8, 9, 10... cem
Erros meus, erros seus e de Deus também
Estupidez, um erro simplório
A bola da vez, enterro, velório
Perda total, por todos os lados
Do banco do ônibus ao carro importado
Teu filho morreu? meu filho também
Morreu assaltando, morreu assaltado
Tristeza, saudade, por todos os lados
Tortura covarde, humilha e destrói
Eu vejo um Bin Laden em cada favela
Herói da miséria, vilão exemplar
Tortura covarde, por todos os lados
Tristeza, saudade, humilha e destrói
As balas invadem a minha janela
Eu tava dormindo, tentando sonhar

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, a verdade não há"

Sou um grão de areia no olho do furacão
Em meio a milhões de grãos
Cada um na sua busca, cada bússola num coração
Cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação
Nem sempre se pode ter fé
Quando o chão desaparece embaixo do seu pé
Acreditando na chance de ser feliz
Eterna cicatriz
Eterno aprendiz das escolhas que fiz
Sem amor, eu nada seria
Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias
De todas as falanges, e facções
Ainda que eu gritasse o grito de todas as Legiões
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras que eu mais quero repetir na vida?
Felicidade, Paz, Fé...
Felicidade, Paz, Sorte
Nem sempre se pode ter Fé, mas nem sempre
A fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte




IDÉIAS E NOVIDADES  


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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

domingo, 18 de dezembro de 2011

mound of ideas: good bye Cesária Évora!

mound of ideas: good bye Cesária Évora!: Cesaria Evora dies, The singer died on  saturday   Cesária Évora, boned in 27 August 1941 – 17 December 2011) was a Cape Verdean popula...

A música de Cesária Évora

 Deleitem-se com a maravilha música de Cesária Évora:
 Cesária Évora (1941 - 2011) na cidade de Mindelo, em Cabo Verde. Tinha mais quatro irmãos. O seu pai Justino da Cruz tocava cavaquinho, violão e violino. Quando jovem foi viver com sua avó, que havia sido educada por freiras, e assim acabou passando por uma experiência que a ensinou a desprezar a moralidade excessivamente severa.










quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A liga dos Justos - O Início


 

 
 
LIGA DOS JUSTOS
 
 
Em decorrência da cisão ocorrida na Liga dos Proscritos, a Liga dos Justos foi formada em Paris em 1836 sob a liderança de Theodor Schuster. No ano seguinte à sua criação, Schuster foi substituído por Wilhelm Weitling que a dirigiu de 1837 a 1844, tendo como colaboradores na direção da Liga: Karl Schapper, George Weissenbach, Karl Hoffmann, Henri Bauer (sapateiro), Joseph Moll (relojoeiro), Hermann Everberck (escritor) e Germann Maurer (professor).
A Liga dos Justos não ficou porém restrita à capital francesa; expandiu-se na Suíça e na Inglaterra, recebendo em cada um desses países, influências diferentes.
Na França a Liga adotou as idéias utópicas, conspirativas e igualitaristas de Saint-Simon, Fourier, Babeuf, Blanqui, Cabet e Proudhon. Na Suíça predominou as idéias de Weitling. Já em Londres, apesar da influência de Owen, a Liga terá contato com uma heterogeneidade de idéias, expressas nas trade-unions, no movimento cartista e nas concepções de vários operários fabris e exilados políticos de diversos países europeus.
Por isso mesmo, entre 1843 e 1846,  Londres mais do que em qualquer outro lugar, vivenciou uma efervescência de idéias, provocando na rejeição dos pensamentos igualitário, utópico e conspirativo, difundidos naquela época, o que determinou a afirmação de novos princípios no interior da Liga, dando lugar a uma concepção de revolução como resultado “de um longo processo que combinava propaganda, ação permanente e organização”(1), além de se passar a admitir a necessidade de uma fundamentação científica em torno de uma revolução social, preparando-se “o terreno para uma aproximação com os intelectuais que, por caminhos diversos, buscavam elaborar uma teoria crítica do socialismo” (2).
No seio da Liga do Justos em Londres, começou a amadurecer a idéia da sua reorganização, produto de uma rediscussão do comunismo em novas bases.
Finalmente em 1847 é convocado um congresso para os meses de maio e junho que deveria contar com a participação de seguidores daquelas idéias em diversos países.
Em janeiro do mesmo ano, antes portanto da realização do referido congresso, Joseph Moll, em nome da “Autoridade Central da Liga dos Justos”, inicia seus contatos com a intelectualidade revolucionária espalhada em diversos países. ocasião em que encontra-se com Marx em Bruxelas e Engels em Paris, do que resultará o ingresso de ambos na Liga dos Justos.
É nesse congresso realizado em maio-junho de 1847 em Londres, que é aprovada a conversão da Liga dos Justos em Liga dos Comunistas. 


_____________
(1) Nogueira, Marco Aurélio. Introdução. In; MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista”. Petrópolis: Vozes, 1988.

O Poeta Renato Russo

Renato Manfredini Júnior, nome artístico: Renato Russo (Rio de Janeiro, 27 de março de 1960 – Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1996) foi um cantor e compositor brasileiro.



Sua primeira banda foi o Aborto Elétrico (1978), que durou quatro anos e terminou devido às constantes brigas que havia entre ele e o baterista Fê Lemos.[2] Russo herdou desta banda uma forte influência punk que influenciou toda a sua carreira. Nessa mesma época, aos 18 anos, assumiu para sua mãe que era bissexual e, em 1989, publicamente por meio da música "Meninos e Meninas", e também "Mauricío", do disco As quatro estações de 1989.




                 



Muito intenso Renato Russo, bebeu a vida em um gole só, foi o herói se sua geração, que de Coca-cola não teve nada. Os anos 80' foi a fase mas efusiva da era moderna humana. o homem começou a se descobrir e refletir sobre o aspectos de sua presença no planeta. E o poeta mostrou as tentativas e erros dos homens de sua época como ninguém. 












Em 1982, integrou a banda Legião Urbana, desenvolvendo um estilo mais próximo ao pop e ao rock do que ao punk. Russo permaneceu na Legião Urbana até sua morte, em 11 de outubro de 1996.













segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Jorge Gordon Byron, conhecido como Lord Byron, foi um importante poeta inglês do século XIX. Nasceu da cidade de Londres em 23 de janeiro de 1788.





É considerado, na literatura inglesa, um gênio poético e um dos principais representantes do romantismo inglês. Seus poemas são carregados de inspiração exaltada, crítica social, impetuosa e violenta. Apresentam temas ligados à tristeza humana e melancolia. Seu primeiro livro de poemas foi “Horas de lazer”, escrito em 1807.

Fez muitas viagens, que o inspiraram, para cidades da Espanha, Grécia, Malta, Suíça, Itália e Albânia. Em Genebra, viveu com Claire Clairmont com quem teve uma filha, em 1817, chamada Allegra.

Byron era aleijado de um pé. Morou um tempo em Lisboa, porém uma situação desagradável o indispôs contra os portugueses. Foi morar no Oriente, em seus últimos anos de vida. Morreu em Missolonghi no dia 19 de abril de 1824.



OBRAS:

"Há um prazer nas florestas desconhecidas;
Um entusiasmo na costa solitária;
Uma sociedade onde ninguém penetra;
Pelo mar profundo e música em seu rugir;
Amo não menos o homem, mas mais a natureza..."
                                                                                                    Lord Byron


Quando conquistou tudo o que todos querem cortejar, a pobre recompensa não vale os custos: juventude desperdiçada, alma aviltada, honra perdida, são os teus frutos, ó paixão triunfante!
                                                                                                    George Lord Byron


Sabemos tão pouco do que estamos a fazer / neste mundo, que eu me pergunto a mim próprio se a própria dúvida não está em dúvida.
                                                                                                  George [Lord] Byron


"A dor é dona da sabedoria e o saber amargo. Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade fatal."
                                                                                                             Lord ByroN


Os homens, afinal, vieram me libertar;
Não perguntei por quê, nem quis saber onde;
Enfim, para mim, era tudo a mesma coisa,
Agrilhoado ou livre, igualmente,
Eu aprendera a amar a desesperança
                                                                                            Lord Byron ( O prisioneiro de Chillon)





FONTE:


http://www.suapesquisa.com/pesquisa/lord_byron.htm


http://pensador.uol.com.br/poesias_do_lord_byron/

Poemas de Carlos Drummond de Andrade


JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?


QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.



No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.



RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.


                                                                                                             Carlos Drummond de Andrade